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Estamos criando uma geração de alienados’, afirma psicólogo do HC
- 9 de novembro de 2016
- Postado por Tania
- Categoria: Publicações
‘Jamais a gente deveria permitir o contato de uma criança com qualquer tipo de tecnologia antes dos 2 ou 3 anos de idade’
Rita Lisauskas
13 Setembro 2016 | 14h31
“Meu filho já sabe mexer no Ipad! É tão bonitinho!”
Esse tipo de conversa, ouvida em várias rodinhas de mães e pais, deveria chocar em vez de ser comemorada, segundo Dr. Cristiano Nabuco, Psicólogo e Coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da HC, Hospital das Clínicas de São Paulo. Ele conta ao blog com preocupação o que tem visto nos consultórios. Crianças viciadas em smartphones, videogames e tablets, incapazes de se relacionar (sem ser virtualmente), de se concentrar ou prosseguir com um raciocínio lógico. “Estamos criando uma geração de alienados”, garante.
“Dia desses chegou uma senhora no consultório dizendo que o filho não saía mais do celular. Fiquei pensando quantos anos tinha esse menino, 8 anos, 9 anos? Ela contava que quando ele acorda, quer o celular, não almoça se não tiver o celular ao lado, não vai pra cama sem o aparelho. ‘Mas qual idade têm seu filho?’, perguntei. E ela me contou que o menino tinha apenas 2 anos e 4 meses.
Tive um paciente muito jovem que ficava conectado ao videogame 55 horas ininterruptas. Não levantava para almoçar, não levantava para jantar, nada. Ele era um zumbi, urinava na calça. Antes de a gente perguntar se a tecnologia é boa ou ruim ou a gente tem que perguntar onde está esse pai e essa mãe que permitem que o filho fique mais de 50 horas no videogame?
Eu gosto de contar essas histórias para mostrar que não tem nada de engraçadinho em facilitar o acesso a esse tipo de dispositivo para uma criança que não tem nenhum tipo de julgamento. Existe uma frase do livro do Conde Drácula que fala que ‘o mal é uma porta que se abre por dentro’. O mal que a tecnologia causa também é uma porta que se abre pelo lado de dentro. Podemos e devemos dar o acesso à tecnologia em certos momentos. Mas esse acesso deve ser controlado e, mais do que isso, não podemos esquecer que os mais novos imitam o comportamento dos mais velhos. Não adianta eu restringir o acesso se eu for o primeiro a levar o telefone para mesa ou para cama. Eu, como pai, mãe ou cuidador também tenho que estar apto de abrir mão de uso para servir de exemplo.”